TAG/Parte 04 – Minha Ansiedade e a Ejaculação precoce.

O motivo pelo qual procurei ajuda foi um problema bem difícil de admitir, que me assombrava em silêncio e acabava com minha autoestima: ejacular precocemente. Procurando o conceito, seria interrupção do coito antes da satisfação de ambos os parceiros, devido à ejaculação ocorrer de maneira muito rápida. Quando comecei a procurar me inteirar disso, me deparei com descobertas bastante preocupantes, pois quando artigos médicos falavam no “tempo ideal” de uma relação, pra mim não fazia sentido. Na grande maioria das vezes, nos últimos tempos antes de procurar ajuda, a ejaculação ocorria nas preliminares, e nas poucas vezes que conseguia “superá-las”, ocorria logo após a penetração. Logo após mesmo, ok? De 1 a 5 segundos. Este foi o auge do meu problema.
Quando era mais novo, no início das minhas relações sexuais, lembro que não era o mais resistente dos homens. Era difícil ter um parâmetro, porque era inimaginável conversar com alguém sobre isso. Existia muito tabu entre homens conversarem assuntos íntimos (até hoje é, mas não vou aprofundar), e não tínhamos acesso a artigos na internet que falam abertamente. Então, pra mim, era normal. Não tive muitas parceiras, pois os relacionamentos duravam relativamente bastante. Casei cedo e sempre fui fiel a minha esposa. Nunca achei que era problema ejacular depois de menos de 30s de penetração. Eu dava sempre um “jeito” de satisfazer a parceira de outras formas. A penetração era sempre rápida, o que pra mim era bem corriqueiro.
A preocupação com a ejaculação precoce virou um monstro depois que minha esposa e eu tomamos uma decisão importante, que foi não ter mais filhos biológicos, que acarretou em optarmos por um método contraceptivo definitivo. No caso, fiz vasectomia para que minha esposa parasse com anticoncepcionais, que nunca foram bons para ela. Quero deixar claro que vasectomia não causa ejaculação precoce. Meu problema era outro. Enfim, nossa vida sexual mudou de patamar, começou a ser mais intensa e mais frequente. Junto a isso, começaram as paranoias. Comecei a me incomodar com a velocidade em que atingia o orgasmo, pois sentia a necessidade de dar mais prazer para minha esposa com a penetração. E daí pra frente foi ladeira abaixo. Coloquei este problema como o principal na minha vida. Comecei a pensar nisso dia e noite, pesquisar sobre o assunto, buscar soluções paliativas, métodos de controle. Quanto mais priorizava e tentava soluções, mais afundava no problema, ao ponto de iniciar as preliminares segurando a ejaculação o tempo todo, chegando a perder a excitação.
Nesta fase vieram as piores sensações e sentimentos. Não me sentia um homem de verdade, pois não conseguia ter controle sobre meu corpo e considerava ter um problema inadmissível. Não me conformava. Comecei a sentir que não merecia estar ao lado dela, que nunca seria feliz com um homem como eu. Se ela pedisse divórcio, eu não teria nem o direito de reclamar. Coloquei um bloqueio na minha mente e não enxergava como ela poderia ser feliz comigo. Não estava sendo homem para satisfazer as vontades sexuais da mulher que mais amo no mundo. Comecei a observar casais na rua, sorrindo e felizes, e imaginava que aquele homem conseguia “aguentar” a ejaculação por muito tempo, por isso conseguia fazer a mulher tão feliz. Estabeleci uma condicionante na minha mente que em nenhum aspecto conseguiria satisfazê-la, por eu não conseguir segurar um orgasmo. Sentia-me inútil, incompleto, frustrado. Impactava em várias áreas da minha vida, pessoal e profissional. Pensava em sexo imaginando uma maneira de não atingir o orgasmo rapidamente. Fantasiava situações e já as associava a frustração de não ter capacidade de controlar o próprio corpo. Fazia de tudo para não me sentir tão excitado no momento da transa para que não acabasse logo. Não tem lógica alguma, pois é totalmente oposto ao propósito do sexo, que é um momento íntimo, prazeroso e excitante entre todos os indivíduos envolvidos. Não conseguia relaxar e o meu orgasmo passou a ser um problema.
Quanto mais buscava alternativas, mais eu me afundava, pior ficava e mais rápida era a ejaculação. Comecei a entrar em uma espiral destrutiva de ficar importunando minha esposa para fazer sexo de qualquer maneira. E é obvio que o resultado disso tudo era que cada vez mais rápido eu ejaculava e cada vez mais minha esposa se distanciava de mim. Comecei a associar nosso abismo ao meu problema sexual, que não era verdade. Criei uma máscara para não querer enxergar as outras coisas que me atormentavam. Coloquei o sexo acima de tudo, como uma meta a ser alcançada. Priorizei de tal maneira, que pra mim não importava ter um dia ruim no trabalho, não importava como meu filho estava na escola, não importava como estava a relação com minha esposa. Só pensava em transar, nem tanto por excitação, mas para tentar anular o resultado desastroso da última relação. Isso mesmo, minha meta não era o prazer, não era o romance, as carícias; era não ejacular rapidamente, para ter uma falsa impressão de felicidade conjugal. Comecei a faltar ainda mais como marido e como pai. Virou um objetivo de vida, que me deixou cego, atordoado e muito, muito, muito frustrado. Coloquei isso como condicionante para me sentir homem, provedor, másculo e coloquei uma pressão desumana sobre meus ombros.
Não só eu ficava frustrado, mas minha esposa também. Minha insistência no assunto e minha forma de abordá-la abalaram muito nosso relacionamento. Mas para mim, ela se afastara ainda mais única e exclusivamente por causa da ejaculação precoce. Entrei em loop: transávamos pouco porque a abordava de maneira errada; quando “conseguia”, a pressão que eu me impunha era tanta que ejaculava com muita rapidez; assim que acabava queria anular o resultado da última insistindo para transar novamente; frustrava a minha esposa pela insistência e associava exclusivamente à ejaculação precoce; insistia ainda mais; cheguei a perder a paciência e ser rude. Um ciclo destrutivo sem fim. Percebi que não conseguiria sair desta situação, sozinho.
Não acreditava que o tratamento psicológico iria me ajudar. Sinceramente, no início, hesitei muito. Procurei um urologista, temendo que ele me dissesse que seria impossível, um caso perdido. Imaginei tudo de ruim, inclusive doenças terminais. Com discurso muito bem ensaiado, marquei consulta e fui, graças a Deus. Foi o início da mudança na minha vida. O Dr. me receitou um antidepressivo, dizendo que em raros casos poderia haver uma questão física que acarretava no problema. Mas na grande maioria o problema era psicológico. O teste era simples: se o remédio funcionasse, eu teria que procurar ajuda de um profissional de psicologia. Descobri que fazia parte da maioria dos homens que sofrem com este problema, pois na primeira tentativa, nunca havia ficado tanto tempo sem ejacular durante a penetração. Eu percebi que nunca havia feito sexo, digamos, como realmente ele deve ser feito. Estava nas nuvens, me sentindo um “homem de verdade”. Imagine ejacular normalmente em 5 segundos e agora ter condição de manter-se excitado o suficiente para satisfazer você e seu (sua) parceiro (a). Meus problemas acabaram. Este sintoma SIM, a causa raiz, NÃO.
O tratamento era de um mês, voltei ao consultório e ele me receitou para mais dois meses para não haver mais dúvidas. Era o que eu queria… pronto, problema resolvido. Mas nesta segunda consulta o Dr. insistiu para que eu procurasse ajuda psicológica, pois nitidamente o tratamento que ele me receitara era para tratar um sintoma de algum problema psicológico que me impedia de ter controle sobre o meu corpo. Ainda relutei, porque tinha colocado na cabeça que era uma lógica bem simples: remédio me atendia, se eu for ao psicólogo vou parar de tomar e voltar a enfrentar tudo o que havia vivido até agora. Não quero mais, definitivamente. Pior do que a ejaculação precoce é descobrir que é possível vencê-la, mas não poderia mais por estar mudando de tratamento. Ter o gostinho de viver um paraíso e depois não ter mais é pior do que nunca haver experimentado. Voltar à estaca zero, não!
Como o remédio era controlado e precisava de receita, então minha lógica não era tão lógica assim. O tratamento acabou e preferi ficar sem remédio a procurar um psicólogo e o resultado foi desastroso. O problema voltou com toda a força e ainda por cima veio a abstinência do antidepressivo. Tudo errado. Fiquei desesperado e fui ao médico da empresa onde trabalho e desabafei com ele. Ele me receitou a mesma medicação, marcou uma consulta com a psicóloga da empresa, me tranquilizou muito. Contou alguns exemplos de homens que curaram a ejaculação precoce com o tratamento psicológico. Eu estava bem desesperado e ele me guiou para o caminho certo.
Até que me convenci a procurar um psicólogo, indicado pela psicóloga da empresa. Logo na primeira consulta fui tranquilizado quanto à utilização do medicamento. E logo percebi que a ejaculação precoce era apenas um sintoma. O que realmente deveria tratar era a minha ANSIEDADE. Na verdade era imprescindível que eu continuasse com o tratamento do sintoma e iniciar o trabalho da causa raiz. Fiquei muito aliviado e me dediquei a entender tudo que a ansiedade pode causar e o que catalisa os principais sintomas. Mundo novo, vida nova.
A ejaculação precoce, pra mim era a pontinha do que eu escondia de mim mesmo. Como um gêiser, onde o que aparece fora da superfície é apenas uma parte do que acontece no interior da crosta terrestre. Eu não queria enxergar. Para minha esposa, minha ausência como marido, pai, amigo, companheiro era muito mais destrutivo no nosso casamento do que ejacular antes do tempo. Eu, somente eu, gerava uma carga enorme de responsabilidade para aquele momento, pensando em como resolver dia e noite, deixando em segundo plano o que realmente importava. Tive que me reorganizar para assumir um novo papel dentro da minha própria vida, onde poderia agir de forma mais segura, focando na relação com minha família.
Quando o “problema” que eu maximizei ficou em segundo plano, pude enxergar que minha ansiedade impactava em diversos outros aspectos, muito mais relevantes na minha vida. O tratamento é contínuo e sempre tenho algo a resolver. Agradeço a Deus por ter me indicado o caminho certo, encontrado os profissionais que me encaminharam para uma vida melhor. Agradeço pela minha esposa, que NUNCA me pressionou, sempre esteve do meu lado e não desistiu de mim, mesmo eu tendo atitudes destrutivas. Sinto que estou progredindo agora, sempre evoluindo como pai e marido, priorizando o que realmente importa na vida de um homem.
Até a próxima.

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